segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Alguns textos interessantes...



Na reunião do G8 na Alemanha, nesta semana, Putin propôs um local alternativo para instalar o radar do sistema antimísseis, o Azerbaijão, e o presidente George W. Bush ofereceu iniciar um "diálogo estratégico" com Moscou sobre o tema. Mas reparar as relações entre os dois lados vai exigir destreza diplomática. A questão é se o aparente descambo rumo a um novo impasse nuclear pode ser revertido, e como.

Parte da resposta talvez consista em compreender o que está por trás da atitude agressiva da Rússia. Na entrevista que concedeu a jornalistas ocidentais na semana passada, Putin deixou uma pista importante. "Queremos ser ouvidos", disse.

No momento em que a Rússia desfruta de uma recuperação econômica movida pelo petróleo, desagrada profundamente a Moscou o fato de o Ocidente ainda tratá-la como potência derrotada. Com ou sem razão, a Rússia crê que há 15 anos vem sendo obrigada a engolir as iniciativas da política externa ocidental, vendo suas objeções serem desprezadas.

A Rússia acredita, sobretudo, que o Ocidente quebrou a promessa feita no início dos anos 1990 de que a Otan não seria ampliada em direção ao leste. Em lugar disso, a aliança militar hoje engloba não apenas alguns ex-satélites soviéticos - mas também as três antigas repúblicas soviéticas do Báltico. Moscou desconsidera o fato de que essas novas democracias pediram para ingressar na Otan, movidas pela desconfiança residual que sentiam da Rússia. Em lugar disso, a Rússia enxerga tentativas de cercá-la.

"Há anos as pedras do Muro de Berlim vêm sendo distribuídas como suvenir", disse Putin em fevereiro, em Munique, num discurso que marcou uma virada na atitude da Rússia em relação ao Ocidente. "E agora estão tentando nos impor novos muros e linhas divisórias."

Bálcãs

Um segundo motivo de ressentimento russo é a província de Kosovo, que se separou da Sérvia. A Rússia sempre viu o bombardeio da Sérvia pela Otan, em 1999, como uma agressão injustificada que arrancou um pedaço de uma nação eslava irmã. Ela enxerga as iniciativas ocidentais atuais de conceder a independência a Kosovo como simples tentativa de concluir o trabalho.

A Rússia também acha que Putin foi esnobado em seus esforços para construir um relacionamento novo com o Ocidente após o 11 de Setembro. O presidente russo foi o primeiro líder estrangeiro a telefonar a Bush após os ataques terroristas. Mais tarde, ele apoiou as bases americanas na Ásia central, ex-soviética, para ajudar a ação adotada no Afeganistão.

Entretanto, em lugar de conquistar a parceria entre iguais pela qual ansiava, meses mais tarde a Rússia viu os Estados Unidos abandonarem o Tratado de Mísseis Antibalísticos, de 1972, o que abriu o caminho para os planos do sistema de defesa antimísseis. Em 2003, os Estados Unidos passaram por cima das objeções de Moscou e outros países ao invadir o Iraque.

Depois, houve o que a Rússia vê como ingerência inaceitável em seu quintal, com as revoluções pró-democráticas na Ucrânia e Geórgia, que tiveram respaldo ocidental. Moscou desconsidera as fraudes eleitorais que desencadearam os eventos e atribui a culpa ao que vê como uma aliança dúbia entre grupos oposicionistas e ONGs financiadas com recursos do exterior, diplomatas e "oligarcas" russos exilados.

Embora o Ocidente acuse a Rússia de usar seus recursos energéticos como arma política, há alguma base para a afirmação de Moscou de que foi a lógica econômica pragmática que a levou a elevar para níveis de mercado os preços do gás natural subsidiado que cobrava das ex-repúblicas soviéticas - embora algumas tenham conseguido períodos de transição mais longos que outras.

A Rússia insiste em seu direito de conservar sua influência em Estados ex-soviéticos, algo que o Ocidente rejeita. Também se opõe à "agenda da liberdade" de Bush e insiste que as tentativas de impor a democracia ocidental são imperialistas e estão fadadas ao fracasso.

A defesa antimísseis é a questão na qual Moscou decidiu tomar posição com mais força - embora Washington diga que o sistema não está voltado contra a Rússia, mas contra o Irã. Moscou teme que as estações que os Estados Unidos querem implantar na Polônia e na República Tcheca possam, mais tarde, abrigar equipamentos capazes de atingir mísseis russos.

Questões domésticas

Cliff Kupchan, ex-funcionário do Departamento de Estado e analista na consultoria Eurasia Group, de Nova York, diz que o Kremlin quer reverter os casos nos quais crê que outros países tiraram vantagem da fraqueza da Rússia na década de 1990. Isso inclui esforços para controlar os "oligarcas" e para renegociar contratos com a Royal Dutch Shell e a operação russa da British Petroleum.

No entanto é quase certo que considerações domésticas venham agravando as invectivas antiocidentais. Andrei Illarionov, ex-assessor de Putin e hoje crítico confesso do presidente, cita as eleições de 2008, quando Putin deve deixar o poder. A Rússia, sugere Illarionov, está agravando os problemas em suas relações com o Ocidente "para induzi-lo (o Ocidente) a recorrer a declarações ou mesmo a ações que, então, poderiam ser retratadas como ingerência nos assuntos internos".

Como, então, o Ocidente deve reagir? Analistas em Moscou e observadores da Rússia em Washington dizem que está claro que Putin quer uma concessão dos Estados Unidos. Kupchan diz que o Ocidente precisa reconhecer que a Rússia está de volta como grande potência - mas destacar que essa posição vem acompanhada da responsabilidade de exercer um papel global construtivo.

"A realidade do sistema internacional de hoje é que a Rússia está rapidamente se convertendo numa grande potência não-alinhada", disse ele, "mais na linha da China ou da Índia que como parceira júnior ou discípula do Ocidente".


Texto para reflexão

Seria irônico, não fosse trágico. O comunismo construiu um muro (o de Berlim) para evitar que o pessoal da Alemanha Oriental cedesse ao nada discreto charme do capitalismo. Não funcionou.Agora, é o capitalismo que constrói muros para evitar a invasão dos deserdados e desesperançados, em especial da África e da América Latina.Nesta semana, no encrave espanhol de Ceuta, na fronteira com o Marrocos, deu-se o que a mídia européia batizou de "assalto".O Brasil deu pouca atenção ao drama: os candidatos ao sonho europeu jogaram-se em massa contra a cerca que separa Ceuta do Marrocos. Cinco mortos, dezenas de feridos, necessidade de o Exército espanhol intervir para controlar a situação.Os novos muros funcionarão ou acabarão tendo o mesmo destino de seu similar comunista?Que o capitalismo ganhou de goleada do comunismo é óbvio. O jogo agora é outro: trata-se de saber se todos, ou pelo menos a grande maioria, pode jogá-lo -ou uma parte substancial continuará, como hoje, condenada à marginalidade, em todos os sentidos da palavra.É esse o debate da hora. José Vidal-Beneyto, colunista do espanhol "El País", escreveu ontem que "uma das grandes linhas divisórias entre países e formações políticas" é precisamente "o antagonismo que existe na Europa entre, por uma parte, o liberalismo econômico como a via mais segura para promover o crescimento e criar riqueza, e a necessidade e urgência, por outra, de assentar o modelo social europeu".Concretamente: manter ao mesmo tempo "níveis aceitáveis de emprego, eficácia na atenção sanitária, nas aposentadorias e, em geral, um grau aceitável de bem-estar" sem "agravar o déficit público e reduzindo o endividamento dos Estados".No sempre atrasado Brasil, essa discussão mal começou, pois o assalto é de outra natureza ("mensalões", "mensalinhos" e "mensaleiros").

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Aquecimento Global:Perguntas e Respostas


O alerta dos cientistas sobre o aquecimento global e suas conseqüências, que há poucos anos mobilizava apenas órgãos técnicos de governos e ambientalistas, hoje se tornou um tema onipresente. O combate ao aumento do efeito estufa está na retórica dos políticos e nos planos de negócios dos empresários. Virou ferramenta de marketing na publicidade e de autopromoção entre celebridades. Em todo o mundo, a possibilidade de ocorrerem catástrofes cada vez mais devastadoras por causa da elevação da temperatura no planeta é tema obrigatório nas rodas de conversa. Entenda por que o planeta esquenta, e o que a elevação da temperatura pode fazer com ele.
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1. O que é o efeito estufa?
O efeito estufa é o fenômeno natural pelo qual a energia emitida pelo Sol - em forma de luz e radiação - é acumulada na superfície e na atmosfera terrestres, aumentando a temperatura do planeta. De suma importância para a existência de diversas espécies biológicas, o efeito estufa acontece principalmente pela ação de dióxido de carbono (CO2), CFCs, metano, óxido nitroso e vapor de água, que formam uma barreira contra a dissipação da energia solar. A maioria dos cientistas climáticos crê que um aumento na quantidade desses gases provoca uma elevação da temperatura da Terra.


2. A emissão desses gases está aumentando?
Com o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis cada vez mais intensos, a concentração desses gases está aumentando, especialmente as de CO2 e metano. Desde 1800, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera cresceu 30%, enquanto a de metano aumentou 130%. Analisando camadas de gelo da Antártica, cientistas europeus descobriram que o ritmo de aumento na concentração de CO2 é impressionante: nos últimos 150 anos, o gás propagou-se pela atmosfera do planeta cerca de 200 vezes mais rápido que nos últimos 650.000 anos.


3. Quais são os maiores emissores de gases do efeito estufa?
Os maiores emissores de gases responsáveis pelo efeito estufa são Estados Unidos, União Européia, China, Rússia, Japão e Índia. Entre essas nações, os Estados Unidos - responsáveis por cerca de 36% do total mundial - lideram as emissões tanto em termos absolutos como per capita. Entre 1990 e 2002, os EUA aumentaram em 15% o nível de emissão de gases, chegando a 6 bilhões de toneladas ao ano. Para efeito de comparação, todos os países membros da UE emitiram, juntos, cerca de 3,4 bilhões em 2002. A China, terceira colocada no ranking, emitiu 3,1 bilhões de toneladas.

4. Quais são as evidências do aquecimento do planeta?
Há diversas evidências de que a temperatura global aumentou. Os termômetros subiram 0,6°C entre meados do século XIX e o início do século XXI - desses, 0,5°C apenas nos últimos 50 anos. Outra evidência é a elevação de 10 cm a 20 cm no nível dos oceanos nesse período. Além disso, as regiões glaciais do planeta estão diminuindo: em algumas zonas do Ártico, por exemplo, a cobertura de gelo encolheu até 40% em décadas recentes. Cientistas também consideram prova do aquecimento global a diferença de temperatura entre a superfície terrestre e a troposfera - zona atmosférica mais próxima do solo.

5. Quanto a temperatura pode subir?
Os atuais modelos científicos prevêem que, se nada for feito, a temperatura global pode aumentar entre 1,4°C e 5,8°C até 2100. Cientistas menos otimistas acreditam que a temperatura de certas áreas do globo pode subir até 8°C no período, e que, mesmo com um corte radical na emissão de gases, os efeitos do aquecimento continuarão. Isso porque são necessárias décadas para que as moléculas dos gases que já estão na atmosfera sejam desfeitas e parem de acumular energia solar em excesso.

6. Os atuais modelos de previsão de clima são confiáveis?
Os debates em torno da eficácia e precisão dos atuais modelos de previsão climática são acalorados. Uma minoria científica crê que os sistemas computadorizados são demasiadamente simplificados, incapazes de simular as complexidades do clima real. Porém, a maior parte comunidade científica mundial defende que as atuais análises feitas em computador, apesar de precisarem ser aperfeiçoadas, já são confiáveis para simulações de futuro próximo - intervalos de 25 ou 30 anos.


7. Quais serão os principais efeitos do aquecimento?
Os cientistas climáticos são unânimes em afirmar que o impacto do aquecimento será enorme. A maioria prevê falta de água potável, mudanças drásticas nas condições de produção de alimentos e aumento no número de mortes causadas por inundações, secas, tempestades, ondas de calor e fenômenos naturais como tufões e furacões. Além disso, pesquisadores europeus e americanos estimam que, caso as calotas polares derretam, haverá uma elevação de cerca de 7 metros no nível dos oceanos. Outro impacto provável é a extinção de diversas espécies animais e vegetais.

8. Quais países serão mais afetados?
Apesar de os grandes responsáveis pelo aquecimento global serem as nações desenvolvidas da América do Norte e Europa Ocidental, os chamados países em desenvolvimento serão os que mais sentirão efeitos negativos. Isso acontecerá porque essas nações possuem menos recursos financeiros, tecnológicos e científicos para lidar com os problemas de inundações, secas e, principalmente, com os surtos de doenças decorrentes. A malária, por exemplo, deve passar a matar cerca de 1 milhão de pessoas ao ano com o aquecimento do planeta.

9. Quais espécies animais serão mais afetadas?
Segundo as estimativas da Convenção das Nações Unidas para Mudanças do Clima (UNFCCC), a maioria das espécies atualmente ameaçadas de extinção pode deixar de existir nas próximas décadas. As projeções indicam que 25% das espécies de mamíferos e 12% dos tipos de aves seriam totalmente banidos do planeta com o aumento da temperatura, que provocaria mudanças drásticas principalmente nos frágeis ecossistemas florestais e pantanosos.

10. Como impedir um aquecimento global exagerado?
Cientistas e engenheiros defendem que a solução para o aquecimento global exagerado está no desenvolvimento de tecnologias energéticas que emitam menos dióxido de carbono. Entre as mais pesquisadas atualmente estão a fissão nuclear, células combustíveis de hidrogênio, desenvolvimento de motores elétricos e também o aprimoramento de motores à combustão pela diminuição do consumo e pela diversificação de substâncias combustíveis. No Brasil, ganha destaque o desenvolvimento de matrizes energéticas de origens vegetais, como o etanol, o biodiesel e também o Hbio.


11. Qual a importância do Protocolo de Kioto para conter o aquecimento?
O protocolo de Kioto - que entrou em vigor em fevereiro de 2005 e conta com a participação de 163 nações - prevê que até 2012 seus signatários reduzam as emissões combinadas a níveis 5% abaixo dos índices de 1990. A eficácia do acordo, contudo, é limitada, pois até o momento os Estados Unidos, maior emissor mundial de dióxido de carbono, não ratificaram o pacto. Especialistas acreditam que as resoluções de Kioto apenas combatem a camada mais superficial do problema do aquecimento global.

A Terra em alerta



O planeta esquenta e a catástrofe é iminente. Mas existe solução
Ondas de calor inéditas. Furacões avassaladores. Secas intermináveis onde antes havia água em abundância. Enchentes devastadoras. Extinção de milhares de espécies de animais e plantas. Incêndios florestais. Derretimento dos pólos. E toda a sorte de desastres naturais que fogem ao controle humano.
Há décadas, pesquisadores alertavam que o planeta sentiria no futuro o impacto do descuido do homem com o ambiente. Na virada do milênio, os avisos já não eram mais necessários – as catástrofes causadas pelo aquecimento global se tornaram realidades presentes em todos os continentes do mundo. O desafios passaram a ser dois: se adaptar à iminência de novos e mais dramáticos desastres naturais; e buscar soluções para amenizar o impacto do fenômeno.
Em tempos de aquecimento planetário, uma nova entidade internacional tomou as páginas de jornais e revistas de toda a Terra – o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre o assunto. Seus aguardados relatórios ganharam destaque por trazer as principais causas do problema, e apontar para possíveis caminhos que podem reverter alguns pontos do quadro.
Em 2007, o painel escreveu e divulgou três textos. No primeiro, de fevereiro, o IPCC responsabilizou a atividade humana pelo aquecimento global – algo que sempre se soube, mas nunca tinha sido confirmado por uma organização deste porte. Advertiu também que, mantido o crescimento atual dos níveis de poluição da atmosfera, a temperatura média do planeta subirá 4 graus até o fim do século. O relatório seguinte, apresentado em abril, tratou do potencial catastrófico do fenômeno e concluiu que ele poderá provocar extinções em massa, elevação dos oceanos e devastação em áreas costeiras.
A surpresa veio no terceiro documento da ONU, divulgado em maio. Em linhas gerais, ele diz o seguinte: se o homem causou o problema, pode também resolvê-lo. E por um preço relativamente modesto – pouco mais de 0,12% do produto interno bruto mundial por ano até 2030. Embora contestado por ambientalistas e ONGs verdes, o número merece atenção.
O 0,12% do PIB mundial seria gasto tanto pelos governos, para financiar o desenvolvimento de tecnologias limpas, como pelos consumidores, que precisariam mudar alguns de seus hábitos. O objetivo final? Reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que impede a dissipação do calor e esquenta a atmosfera.
O aquecimento global não será contido apenas com a publicação dos relatórios do IPCC. Nem com sua conclusão de que não sai tão caro reduzir as emissões de gases. Apesar de serem bons pontos de partida para balizar as ações, os documentos não têm o poder de obrigar uma ou outra nação a tomar providências. Para a obtenção de resultados significativos, o esforço de redução da poluição precisa ser global. O fracasso do Tratado de Kioto, ao qual os Estados Unidos, os maiores emissores de CO2 do mundo, não aderiram, ilustra os problemas colocados diante das tentativas de conter o aquecimento global.

domingo, 5 de agosto de 2007

Consumidores Conscientes

A atual demanda por produtos florestais é grande e insustentável. É preciso que a sociedade tome consciência disso e incentive a produção sustentável de madeira, exigindo o certificado de que a extração foi feita de forma legítima. Essa é uma das melhores alternativas existentes hoje para desenvolver economicamente regiões de floresta respeitando-se aspectos sociais e ambientais.
Nós, consumidores, podemos ajudar a proteger a floresta tomando algumas medidas simples, como:• Comprar apenas produtos de madeira (móveis, material de construção, papel) que tenham o selo FSC de certificação florestal. • Se você não encontrar produtos com o selo FSC, converse com seu fornecedor sobre a importância do selo para garantir a procedência da madeira e demais produtos florestais. • De forma geral, antes de comprar um produto de madeira, mostre-se interessado pela procedência do material. Peça garantias de que a extração de madeira não destruiu economias locais, empregou mão-de-obra infantil ou gerou impactos ambientais. Suas perguntas deixarão claro ao fornecedor que os consumidores se preocupam com a extração da madeira.

O que fazer para salvar a Amazônia?



O Brasil precisa adotar imediatamente um programa nacional de combate ao desmatamento na Amazônia, com apoio financeiro da comunidade internacional.
O programa criaria uma força-tarefa interministerial, com a participação de entidades representativas da sociedade civil e dos setores produtivos, para deter o avanço do desmatamento e reduzi-lo a zero.
Entre as medidas necessárias para impedir uma maior destruição da Amazônia, destacamos:
• A implementação dos compromissos nacionais e internacionais assumidos em 1992 durante a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB);• A destinação das áreas griladas na região amazônica (que, de acordo com dados das CPI da Grilagem chegam a 100 milhões de hectares, ou 20% da Amazônia Legal) para a criação de áreas de proteção como parques e reservas extrativistas de uso sustentável; • A implantação das unidades de conservação já aprovadas e que até hoje não saíram do papel; • Redirecionamento do programa nacional de reforma agrária para áreas já desmatadas; • Fortalecimento das instituições encarregadas da proteção ambiental como Ibama e secretarias estaduais de Meio Ambiente; • Adoção de mecanismos fiscais que punam a extração ilegal de madeira e beneficiem exclusivamente a produção de madeira através de manejo florestal sustentável e certificado pelo FSC. • Fortalecimento institucional e financeiro a projetos de manejo florestal comunitário; • Expansão dos programas governamentais de combate às queimadas; • Demarcação de todas as terras indígenas.
Conter a destruição das florestas se tornou uma prioridade mundial, e não apenas um problema brasileiro. Restam hoje, em todo o planeta, apenas 22% da cobertura florestal original. A Europa Ocidental já perdeu 99,7% de suas florestas primárias; a Ásia, 94%; África, 92%; Oceania, 78%; América do Norte, 66%; e América do Sul, 54%. No caso específico da Amazônia brasileira, o desmatamento que era de 1% até 1970 pulou para quase 15% em 1999 – em quase 30 anos, uma área equivalente à França foi desmatada na região. É hora de dar um basta nisso.